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Sempre fomos os excluídos, os estranhos. Nunca nos encaixamos. Não importava quando ou onde. 

Etnicamente, sempre fomos estranhos - embora o Brasil seja considerado bastante diversificado, ainda assim conseguimos ser um pouco mais diferentes do que o normal. Com uma mistura única de pais imigrantes, sempre fomos peculiares ao crescer, culturalmente não nos encaixávamos na média dos brasileiros, não éramos nem brancos, nem pardos, nem asiáticos. Éramos ridicularizados por falarmos outros idiomas e, com o passar dos anos, fomos diminuindo cada vez mais.

Geralmente nos encaixávamos com os nerds, mas esses geralmente eram meninos e, portanto, também não nos encaixávamos. Quando viajávamos para encontrar a família, também não nos encaixávamos, afinal estávamos inseridos em um contexto diferente, um país diferente, um idioma e uma cultura diferentes.

Ao crescermos nesse cenário, nos acostumamos a simplesmente não nos encaixar, a não pertencer. Nunca se tratou de cor da pele, idioma ou cultura, mas sim de uma infinidade de tudo isso e muito mais. Felizmente, Deus enviou nós dois juntos para que não nos sentíssemos tão sozinhos.

Tivemos que aceitar que sempre fomos diferentes, isso faz parte do nosso dharma, da nossa jornada de vida.

Hoje em dia, quando o mundo está mais internacional, as diferenças se tornam menos sobre aspectos externos e mais sobre aspectos internos do Self. Aqui, trata-se do mundo das ideias, dos padrões de pensamento e das perspectivas mundiais. Mais uma vez, ainda não nos encaixamos na média do pensamento de grupo. Não seguimos o status quo, as narrativas politicamente corretas/engendradas.

Depois de não termos nos "encaixado" durante toda a vida pelo simples fato de termos nascido de um paradigma diferente, era de se esperar que pensássemos de forma diferente da norma. Na verdade, quando crescemos, fomos julgados tantas vezes por sermos, pensarmos e agirmos de forma diferente que, quando chegamos à adolescência e aos vinte e poucos anos, éramos extremamente tímidos e inseguros em relação a nós mesmos.

Como sermos nós mesmos não era socialmente aceitável, por muito tempo quisemos nos esconder, o que afetou nossa postura corporal, criando escoliose, problemas na mandíbula que exigiram cirurgia e uma série de doenças crônicas. A jornada de cura tem a ver com o retorno ao Self - autoaceitação, encontrar nossa voz novamente, falar em vez de reprimir nossos pensamentos, ideias e emoções.

O fato é que somos inatamente diferentes, estranhos, únicos. Nunca nos encaixaremos. Nunca nos conformaremos. Aqueles que censuram o livre pensamento hoje em dia são os mesmos valentões que encontramos durante toda a nossa vida.

Não estamos mais nos diminuindo porque nossa existência deixa os outros desconfortáveis.

Todos os desafios e dificuldades pelos quais passamos nos trouxeram até onde estamos. Nosso trabalho é uma manifestação dessa jornada e, se há algo que acreditamos, é que nosso trabalho fala por si mesmo. As polaridades, a multidimensionalidade, o exotismo, o incomum: tudo isso está presente em nossa linguagem arquitetônica, de design e artística. Há muita coisa em andamento para ser materializada, e temos grandes visões para criar a Nova Era de Ouro. Não dizemos isso de forma leviana, embora muitos que estão presos no reino material existente não tenham olhos para entender isso.

Esta mensagem é para aqueles que, como nós, não se encaixam e, no fundo, sabem que há algo errado, anseiam por mudanças, por um novo modo de vida. Aqueles que, como Terence McKenna disse uma vez, "querem reivindicar sua mente e tirá-la das mãos dos engenheiros culturais que querem transformá-lo em um idiota meio cozido que consome todo esse lixo que está sendo fabricado a partir dos ossos de um mundo moribundo".

Saiba disso: Você pode estar à frente de seu tempo. Você pode ser a mudança que o Novo Mundo exige. Você não está sozinho. Eles podem ser mais barulhentos agora, mas nós nos tornamos mais fortes no longo prazo. Este é apenas o começo.

Todo o amor. Todo o poder. Toda a maravilha.

Não somos desta época.

Nossas raízes são antigas,

nosso fogo é eterno.

A verdade e a autenticidade prevalecerão.

Além das fronteiras: O Dharma de um Arquiteto Brasileiro na Aviação Privada - Dinastia Lie Alonso em 18:06, 2024-04-10 -

[...] como um brasileiro multiétnico, filho de pais imigrantes, que era tão estranho quando criança e nunca conseguia se encaixar em lugar algum, me vi viajando pelo mundo projetando jatos [...]